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ATENAS, GRÉCIA: GREEN NEMESIS – TERCEIRO ATO

Informe anônimo:

Em 28 de outubro, fizemos um duplo golpe na área de Zografou (atenas), queimando um caminhão refrigerado para o transporte de carne, usando um dispositivo incendiário. Nós também atacamos o carro de um caçador espalhando gasolina em seu interior. Também nos responsabilizamos pelo terceiro e imediato ato. Atacamos indiscriminadamente o que contribui para o encarceramento, abuso e miséria dos animais. Quer seja uma vitrine de cosméticos ou um açougueiro, etc.

ANTROPOCENTRISMO

Pessoas de idade mais avançada usavam os animais para seu benefício próprio. Com o desenvolvimento da tecnologia e seus meios, a exploração de animais cresceu, enquanto o valor da vida foi deteriorado. O antropocentrismo é responsável por levar milhões de animais à morte para se tornar alimento, e não apenas. Existem vários ramos da indústria e do mercado que realizam experimentos em animais. Além de que as pessoas ainda usam animais para seu próprio entretenimento.

A atitude da espécie humana fez com que esta pensasse ser mais importante que a natureza e qualquer outro animal, constantemente examinando maneiras de como lucrar com a destruição, a pilhagem, a domesticação e a morte de animais e terras. Nesse sistema de valores, os animais, na melhor das hipóteses, são objetos de uso e prazer, no sentido de que os seres humanos têm controle total dos quais como se fossem sua propriedade privada. É por isso que não nos surpreendemos quando os cidadãos, a mídia e a sociedade em geral ficam indignados ao ver um açougue vandalizado ou um veículo de transporte de carga queimado, cujo dono pratica caça, enquanto essas mesmas pessoas aplaudem festas e celebrações onde animais são sistematicamente torturados, humilhados e mortos, seja por diversão, seja simlesmente por “tradições”. Seguindo a mesma lógica, todas essas pessoas não se importam que a comida que enche as geladeiras e prateleiras dos supermercados venha de um interminável martírio de animais aprisionados em fazendas e fábricas, animais que estão sendo alimentados com antibióticos e outras drogas, crescendo em péssimas condições para que atinjam um peso e tamanho desejados durante um período mínimo de tempo. Todos nós vêmos animais de estimação sendo vendidos em lojas simplesmente para atender às necessidades de algumas pessoas, para fazê-las sentir que os animais as pertencem, ou para agradar o desejo impulsivo, os criando como bebês para que eles preenchem o vazio de sua inexistência e solidão. Nós também não vemos nenhuma dessas pessoas saindo de si quando outras estão envenenando, batendo, esfaqueando, matando e torturando cães e gatos “vira-latas”. Por isso, e por muitas outras razões, ainda escolhemos atacar os responsáveis e revidar um pouco, não só queimando suas propriedades e estruturas, sabotando bens de consumo e fluxo comercial, mas também, e por que não?, atacando-os também.

VEGANISMO E ANARQUIA

O veganismo em si é reformismo e não se trata de libertar animais ou causar dano a qualquer indústria. O antispecismo, em nossa opinião, compõe uma parte mais geral da anarquia e do antifascismo que, no país em que vivemos e agimos, não é muito compreensível. Todas as pessoas que respeitam a vida e a liberdade sabem muito bem o que precisa ser feito e é por isso que não estamos aqui para apontar o dedo em ninguém. É uma escolha pessoal e nada mais. Agora, o veganismo evoluiu através da indústria moderna para uma cultura de estilo de vida altamente pacifista que supostamente libera a consciência embora apenas legitime o dano econômico. Milhões de animais permanecem nas gaiolas esperando pela morte, na melhor das hipóteses, em indústrias e fazendas que usam táticas nazistas como em Auschwitz. Tudo isso é simplesmente uma teoria e, quando uma teoria não pode entrar em prática, nada mais é do que uma “filosofia”. Com o projeto Green Nemesis, alvejamos produtos de origem animal ou comercializados por empresas que exploram animais durante sua produção, sendo ainda mais um critério o fato de compor o cardápio para a seia de natal. Através desta ação, não temos a ilusão de que vamos fechar as empresas ou parar o sofrimento dos animais, mas queríamos fazer uma pequena perda financeira para as empresas gigantes.

A LUTA POR LIBERAÇÃO TOTAL NÃO É CLASSISTA

A usurpação e exploração de animais não só é apoiada apenas pela indústria e pelo capitalismo, mas também por pessoas comuns de todas as classes sociais – pobres, trabalhadores, classe média e ricos.

É por isso que não fazemos distinção entre grandes empresas ou pequenas lojas de bairro, pois todas fazem parte de um mesmo sistema. Com a mesma raiva, nós vamos quebrar um açougue pequeno, e, com a mesma raiva, vamos queimar as instalações de uma grande empresa ou colocar uma bala na cabeça dos responsáveis por esses “empregos”.

Apoiamos qualquer forma de ataque com consistência contra aqueles que torturam e lucram às custas dos animais em todos os meios possíveis, e não só somos capazes apenas de causar danos materiais. Não só somos capazes de atacar locais de trabalho, lojas ou meios utilizados para a criação de animais, mas também apoiamos todas as formas de ataque às suas casas e suas propriedades privadas.

– Nós estamos cansados de ações “simbólicas” com intuito de não prejudicar ninguém ou com sabotagens sem impacto, ou ações feitas para ficar de consciência limpa ou para ganhar algum mérito, enquanto os responsáveis pela chacina vivem uma vida pacífica sem medo.

– Nós estamos nos cansando do ativismo e da mentalidade ativista que quer ser amigável com todo mundo, sem prejudicar ninguém emocionalmente, convencendo a todos de que são pessoas justas e estão salvando animais e terra, sem que ninguém suje as mãos e arrisque sua segurança.

– Agora, nós estamos cansados da mentalidade pacifista e daqueles que estão assustados com o que dizemos e com o que fazemos porque estamos promovendo ataques a pessoas através de todos os meios possíveis. Vocês acreditam que ao possuir e propagar um estilo de vida vegan, vocẽs farão alguma coisa? Nós sabemos e temos certeza de que a exploração dos animais e a destruição do meio ambiente não vão parar, mas pelo menos vamos revidar um pouco da chacina que promovem. Toda nossa certeza é de que não permaneceremos em silêncio.

INCENDIÁRIXS VERDE E NEGRO

[IT] [EN] [ES] [PT] BRA$IL: RODA DE CONVERSA EM SOLIDARIEDADE, CONTRA A OPERAÇÃO ÉREBO

via A_N_A

No domingo (04/03), às 16 horas, haverá uma roda de conversa em
solidariedade com xs anarquistas perseguidxs na região sul do território
dominado pelo estado brasileiro.

O encontro acontecerá no “centro de cultura social”, no centro da cidade
de São Paulo.

Durante nossa conversa, haverá leitura de contrainformativos e troca de
ideias afins.

Para isto, preparamos um livreto com alguns dos textos escritos sobre o
assunto. O material está disponível em português, espanhol, inglês e
italiano para difusão gratuita.

ENGLISH ESPAÑOL ITALIANO PORTUGUÊS

Da leitura… à cumplicidade…

 

Publicação informativa sobre a Operação Antianárquica Érebo em Porto Alegre (RS). Um convite para o debate.

recebido via email 01/03

CLIQUE AQUI PARA BAIXAR 

Vimos uma iniciativa, que chama à ofensiva e aviva nossos impulsos e instintos. Assim, respondemos ao chamado de Agitação Contra a Operação Érebo desde a tocaia na propagação de reflexões.

“Sentimos a necessidade de trazer o tema da Operação Érebo para a troca de ideias anárquica e Anarquista pois o tema parece observado através de um vidro embaçado. Não fica claro quais os alvos da Operação, suas repercussões, a situação dos anárquicos atingidos e nem se fala do que poderíamos apreender dessa experiência. Assim, achamos que há vários pontos que valem a pena refletir. E esta publicação é a ferramenta que nos parece pode ajudar a desembaçar alguns aspectos. Com essa intenção reproduzimos alguns textos e compartilhamos nossas reflexões. Trazemos estas reflexões, dentre várias perspectivas, a partir da visão com a qual nos sentimos mais próximos. Mas, não se trata somente de afinidade ou cumplicidade, trata-se também da necessidade de afincar na reflexão sobre a informalidade anárquica no território controlado pelo estado brasileiro.

Dentro das diferentes formas de viver o anarquismo e procurar a anarquia, o ataque informal anárquico está sendo omitido das reflexões e debates. Não podemos imaginar se isso acontece porque “não se sabe” dos ataques, porque “não se quer falar disso” ou porque algumas tendências anarquistas têm criado uma linha quase única de pensamento ácrata. O que está claro é que pouco ou nada se debate sobre o tema. Isto nos estranha já que sendo anarquistas como somos, as práticas subversivas de confrontação contra a dominação teriam que estar entre os temas favoritos de nossas conversas.”

Buenos Aires: que a política não apague a raiva!

via INSURRECTION NEWS

tradução tormentas de fogo

O folclore das datas faz seu chamado novamente, desta vez, como tantos outras, a convocatória cidadã olha em direção às bandeiras feministas, amparadas por partidos políticos e administradas pelo patriarca estatal, algumas dessas iniciativas se intitulam de “greve feminina”, outras de “jornadas de luta”, e todas abrem um espaço para inundar os discursos com sabor de reforma e negação da individualidade, enchem a boca com slogans de palavras como” neoliberalismo “, “repressão ” e “empoderamento “, iniciativa que tem por único objetivo preencher suas fileiras, suas urnas e seus bolsos.

O grito feminista e anti-patriarcal se expande no ar, e não deve nos surpreender que cada parcela do poder procure tomar uma fatia do bolo para deixar sua marca, que novamente a procissão desfile pelas ruas do centro tirando fotos com seus cartazes indignados, que os meios de comunicação apareçam mórbidos esperando algo fora do comum, para depois implantar toda sua parafernália jornalística buscando separar xs “violentxs” dxs “manifestantes”, o roteiro foi cumprido e continuará a ser cumprido em cada manifestação, porque eles sabem que somos perigosos, eles sabem que não temos medo, que não só não nos calamos, mas também que não respeitamos suas instituições ou suas lógicas autoritárias, eles sabem que a fúria feminista foi liberada, a ação foi tomada e despertou sorrisos e gestos de solidariedade em cada umx de nós que sentimos o patriarcado se impondo diariamente em nossas vidas.

É por isso que não devemos nos surpreender que essas mesmas mídias, que estiveram durante os últimos meses tentado retomar o discurso feminista bem intencionado nas suas notícias semanais, são as mesmas que, no 9 de março, repudiam qualquer ato vandálico que ocorre, alegando que estes “acontecem no lugar de expresse-se livre e pacificamente”.

Essas palavras são dedicadas para xs negadorxs, xs rebeldes, xs antiautoritárixs, xs anarquistas e todx aquelx que esteja cansadx desta sociedade e suas relações, para aquelxs que odeiam a polícia, que não esperam ver as igrejas em chamas mas sim levem nas suas costas o combustível para ver seu sonho se tornar realidade, para aquelxs que permanecem vivos no meio das massas e não se escondem atrás de rótulos, para nós que amamos a destruição deste mundo, bem como a criação de novas relações livres de autoridade, para nós que cobrimos nossos rostos para não esconder nossas intenções, nós, xs anônimxs que preferem ver arder os bastiões do estado e do capital, porque não nos conformamos de voltar para nossas casas satisfeitxs, nem estamos interessadxs em aparecer nos programas de televisão.

Este é um chamado para manter a rava viva, para tensionar nossas práticas para nos tornarmos mais eficazes, a cuidar de nós mesmos e de nossxs compas, mas acima de tudo não se esconder quando a repressão bater na porta.

O estado tirou suas armas dos lençóis, as mesmas armas que, nos últimos anos, estavam escondidas a portas fechadas para tortura, hoje são trazidas à tona para impor medo e paranóia, para nos trancar em nossas casas ou atrás das grades, mas é precisamente nestes momentos quando procuramos ser tão sigilosxs quanto ruidosxs dependendo da circunstância, é precisamente agora que é muito importante dar um passo a frente e responder.

Não vamos deixar os apropriadores transformarem a raiva em publicidade!

À expandir a revolta para além dos limites políticos e cidadãos!

 

Faixa em solidariedade com xs perseguidxs pela operação érebo

recebido via e-mail 21/02

Algumas palavras em solidariedade com xs anarquistas perseguidxs pela
operação Erebo em Porto Alegre (RS), desde algum lugar, no território
controlado pelo estado brasileiro e o capitalismo global.

Há quase 4 meses, uma operação policial liderada pelo delegado Jardim
invadiu casas particulares e espaços coletivos na cidade de Porto
Alegre. Várias pessoas e espaços acabaram sendo alvo dessa operação e
alguns livros editados pela biblioteca anárquica Kaos foram usados como
elementos comprobatórios para perseguir xs anarquistas.

Não pretendemos, nesse texto, voltar sobre a maneira como a imprensa
brasileira levou o caso, mesmo se vale a pena ressaltar a pertinência
com a qual a imprensa manipula as massas com o objetivo de manter uma
paz social titubeante.

Mesmo com todos os esforços do aparato policial-midiático por
despolitizar algumas propostas anarquistas- buscando encontrar alguma
“legitimidade” política em perseguir xs anarquistas “do mal”
aproveitando diferenças e buscando criar divisões entre tendências
diversas do anarquismo- a solidariedade combativa anarquista se manteve
em pé, e os punhos ficaram fechados aos inimigos!

Como acreditamos que a solidariedade é uma arma contra as tentativas
repressivas e contra o esquecimento e que também sabemos que ela deve
ser mais do que palavra para vibrar nos corações dos rebeldes, mandamos
essa mensagem simples mas, acreditamos, importante.

Penduramos uma faixa em solidariedade com xs anarquistas perseguidxs de
Porto Alegre. Para todxs aqueles que estão brigando contra as tormentas
da solidão e as intempéries da incerteza. Para todxs aqueles cuja vida
foi/está sendo perturbada por essa onda repressiva e que não baixaram
nem os braços, nem a cabeça!

Para todxs aqueles que, fazem frente as dificuldades despertando-se cada
manhã com a convicção de ter cruzado o ponto de não retorno.
Nunca nos poderão parar!

O contexto político-econômico no Brasil e da América Latina está cada
vez mais repressivo com os movimentos sociais. O clima político tem
sabor um sabor amargo para todxs xs que se opõem, de maneira geral, aos
avances do capitalismo devastador. Há uns dias, 12 famílias indígenas do
sul do Brasil foram torturadas, atingidas por balas de borracha e balas
de verdade pelo simples fato de reivindicar suas terras, que por certo,
lhes foram prometidas há quase 30 anos*!

Também tem esse sabor para as grandes “minorias” dessa sociedade
doente, que se vêm alvos de uma cada vez maior “limpeza social” em prol
de grandes empreendimentos, frutos do “progresso” e do
“desenvolvimento”. O governo mata “legalmente” mandando as forças
armadas do exército “limpar” as favelas** e o faz também organizando
“feiras agrícolas” cujo dinheiro é investido na “segurança” dos
fazendeiros podres e na matança dos índios e camponeses que se atrevem a
retomar, com suas próprias mãos, suas terras invadidas***.

Que não se enganem, terrorista é o Estado e violento o sistema que quer
nos impor uma vida que nunca escolhemos.

Os debates sobre a legitimidade da violência são um falso debate. Nunca
estaremos do lado de quem gosta de viver como escravo…

Os mesmos que celebram insurreições passadas, hoje condenam qualquer
impulso de violência libertadora, isso, sob pretextos diversos como o
fato de nos vivermos em uma “democracia”. Democracia, tecnocracia,
Ditadura, todos os regimes político-econômicos merecem de ser atacados,
nunca são e nunca poderão ser outra coisa que a expressão do poder
coercitivo e da dominação de uns poucos sobre o resto.

A articulação entre poder centralizado e capitalismo é inerente a
qualquer sociedade moderna globalizada e achar que se pode destruir o
capitalismo sem, junto, destruir as estruturas do poder estatal é uma
ilusão que nutrem alguns partidos de esquerda para seduzir almas
revolucionárias e assim ganharem alguns votos a mais nas próximas
eleições. Sejam de esquerda ou de direita quem governa, para eles, as
vidas dos Guarani Kaiowá, sempre valerão menos que a os benefícios da
exportação de toneladas de soja.

Se, no governo “Dilma” a limpeza social, a lei antiterrorismo, a
correria rumo a cada vez mais progresso e a perseguição política contra
os anarquistas estavam à ordem do dia, hoje, militantes do PT e do MST e
de toda a esquerda “radical” partidária tornam-se também alvos de
perseguição política.

Se ultimamente nos encontramos nas ruas para lutar, não esqueçamos porém
das profundas diferenças ideológicas e políticas que nos separam. Mesmo
se acreditamos que devemos repensar estratégias e tácticas de luta no
contexto atual, é interessante que nos questionemos sobre o papel/lugar
que jogamos no tabuleiro de xadrez da política regional, nacional (e
internacional), isso, justamente para não acabar sendo um dos peões
usados para ganhar a partida. A história tem muito a nos ensinar sobre
isso…

Mais que repostas, apontamos a provocações para refletir o panorama
atual e imaginar estratégias e ações que sigam espalhando a guerra
social.

As ondas repressivas contra xs que lutam buscam amedrontar e paralisar
qualquer tentativa de oposição ao sistema. É justamente o que não
podemos deixar que aconteça. Buscaremos os jeitos para, de qualquer
maneira, seguir lutando contra um sistema e um modo de vida que além de
não nos satisfazer enquanto indivíduos, baseia seus valores na dominação
e na exploração de uns poucos contra o resto.

A opressão, a dominação e a exploração devem ser atacadas desde suas
raízes e de forma radical. Não existem métodos prontos para isso, só se
tem a combinação da memória histórica com a imaginação criativa para
inventar, pensar, experimentar estratégias de luta em esse contexto cada
vez mais adversos.

Que essa pequena mensagem, como uma chama de revolta, ilumine o coração
dxs companheirxs perseguidxs….

Força e solidariedade combativa com xs anarquistas perseguidxs pela
Operação Érebo!

Com, na memória insurreta Guilherme Irish e Samuel Eggers presentes!

Viva a anarquia

Viva a Insurreição!

*No dia 17 de fevereiro de 2018, 12 famílias Kaingang em Passo Fundo
foram espancadas pelo BOE. Estavam ocupando uma aera do DNIT
reivindicando a demarcação das suas terras:

http://desacato.info/familias-kaingang-sao-espancadas-pela-policia-militar-em-passo-fundo-rs/

e

https://www.cimi.org.br/2018/02/policia-militar-agride-e-tortura-familias-kaingang-no-rio-grande-do-sul/

**
http://anovademocracia.com.br/noticias/8264-intervencao-no-rio-militares-querem-invadir-arbitrariamente-casas-de-moradores-em-favelas
e
http://anovademocracia.com.br/noticias/8254-intervencao-no-rio-forcas-armadas-vao-comandar-a-guerra-civil-contra-o-povo

*** Sobre esse tema ver o filme Martírio, ele traz informações
interessantes sobre os vínculos entre seguranças privados nas fazenda,
políticos e fazendeiros.

Comunicado de Alejandro Centoncio, preso por luta rueira

via PUBLICACION REFRACTARIO

https://publicacionrefractario.files.wordpress.com/2013/12/molotovusach.jpg?w=300&h=225

Comunicado da penitenciária sul de Santiago:

“Em 29 de março de 2017, fui preso acusado de portar uma bomba molotov.

Isso aconteceu no contexto da comemoração do dia do jovem combatente no Chile. A atual lei de controle de armas no Chile considera coquetel molotov como uma arma de fogo. Uma lei desproporcional cujo único propósito é a repressão do protesto de rua. Hoje, já estou há 9 meses na prisão. É o meu círculo mais próximo que sofre esta situação comigo. Submerso no lixo diário, percebo plenamente como essa sociedade precisa de prisões para sobreviver.

Minha situação é uma montagem absurda. O suposto molotov que estão colocando nas minhas costas é feito com… parafina (querosene). Sabe-se que um molotov não é feito com esse elemento… mas para justiça deles, é o suficiente para pedir uma sentença que varia de 3 a 5 anos de prisão efetiva.

Hoje não me sobra mais que procurar solidariedade, e ação e arrogância contra um sistema bastardo que não hesita em esmagar e encarcerar todo o seu entorno, apenas por causa das idéias rebeldes contra este mundo tétrico de prisões e carcereiros.

Faço um chamado para mostrar solidariedade a todxs xs presxs do mundo.

A atuar…

E faça deste mundo uma fogueira em que todas as prisões desapareçam.

Alejandro Centoncio desde a ex-penitenciária de Santiago, Chile

AGITAÇÃO ANTI AUTORITARIA PELA OFENSIVA ANÁRQUICA CONTRA A “OPERAÇÃO ÉREBO”

Solidariedade insubmissa à todxs anarquistas perseguidxs na região sul
do território dominado pelo estado brasileiro.

Nós fazemos um chamado para ação extensiva nos meses de fevereiro e
março em resposta à “operação érebo”.

No ano de 2017, a polícia civil de Porto Alegre iniciou a chamada
“operação érebo” para perseguir anarquistas e espaços libertários. Está
claro que o estado quer derrubar a cada um que faz das suas ideias uma
autêntica ameaça

Nenhuma agressão ficará sem resposta. Perante a isso, apelamos para
respostas imediatas que venham de todos os cantos visando o inimigo. Não
ficaremos na defensiva covarde, aguardando o próximo movimento juridico
policial nos atingir.

Que a ideia se difunda e se espalhe como o fogo da revolta incontida por
todos os territórios dominados. Que as palavras de rebelião soprem junto
ao vento pelo mundo.

Sejamos criativxs.

COMUNICAÇÃO É ARMA!
PELA SOLIDARIEDADE APÁTRIDA!
LIBERDADE PREVALECERÁ!

“Somos o que somos e nisso não vamos retroceder: somos anarquistas,
amamos a liberdade e sim, desprezamos a todos os valores e instituições
que compõem essa máquina de guerra chamada capitalismo, civilização”

“SOLIDARIEDADE É AÇÃO!”

“SOLIDARIEDADE É AÇÃO!”

via Sin Banderas Ni Fronteras

A polícia civil do Rio Grande do Sul invadiu, na madrugada de 25 de Outubro de 2017, espaços e lugares anarquistas – no contexto duma investigação por ataques contra bancos, esquadras da polícia, empresas, automotoras e sedes de partidos políticos, realizados por grupos anárquicos, nos quatro últimos anos, em Porto Alegre.

Tudo isto ocorre na véspera da 8ª Feira do Livro Anarquista de Porto Alegre – cuja abertura seria a 27 de Outubro – e que foi suspensa até novo aviso, face aos acontecimentos.

Operação Érebo, é este o nome dado ao novo golpe repressivo contra companheirxs anarquistas. Erebo (negrura) era um deus primordial da obscuridade e sombra, na mitologia grega.

Tudo isto se desenrola, segundo a repressão, no âmbito de uma investigação iniciada há um ano – acerca de um ataque a um veículo nas proximidades de um quartel policial – investigação que contemplaria mais de trinta suspeitxs, entre xs quais e segundo palavras do Director da Polícia Metropolitana (Fábio Motta), se contariam pessoas do Brasil, Chile, Bolívia e França. Estas pessoas, segundo declarações na imprensa do chefe da Polícia Civil (Emerson Wendt), conformariam uma organização que se posiciona “contra toda a forma de poder, controlo e moral existente na sociedade”.

A repressão exercida pelos bastardos é do mesmo tipo que noutros operativos repressivos já feitos sentir na região do cone sul* – tal foi o caso da Operação Salamandra (“Caso Bombas”, Chile, 2010) ou da repressão contra meios anarquistas na Bolívia, em Maio de 2012 – confiscando livros, máscaras, folhetos, cartazes, computadores e, particularmente neste caso, uma grande quantidade de eco-tijolos, apresentados pela polícia como bombas molotovs.

As acusações levantadas pela repressão incluem intenção de homicídio, organização criminosa, formação de gangues e danos a património público com material explosivo.

Por seu lado, a imprensa corporativa local desenvolve o seu papel de colaboração miserável – de forma a validar e justificar a operação repressiva. Num dos noticiários, um repórter exibe nas mãos (sem luvas) uma das provas que considerava mais evidentes para dar conta da periculosidade do suposto grupo criminal: um exemplar do livro “Cronologia da confrontação anárquica”, que recompila ações diretas levadas a cabo no território dominado pelo Estado do Brasil.

Para lá das evidências e das acusações vemos, novamente, como as estratégias repressivas dos Estados são internacionalizadas e atingem ambientes anti-autoritários e companheirxs – tentando impedir o avanço da luta anárquica em todas as suas formas e expressões.

Perante isto, a nossa resposta só pode ser uma: a solidariedade internacional e o fortalecimento das redes de ação e coordenação, potenciando a ofensiva anárquica, em guerra contra os Estados e toda a forma de poder.

Do Chile ao Brasil, solidariedade, agitação e ação direta, contra toda a autoridade!

Sin Banderas Ni Fronteras, núcleo de agitação anti-autoritária.

Chile, 26 de Outubro de 2017.

*Cone Sul; a área mais austral da América Latina, conformada por Argentina, Chile e Uruguai, Paraguai, Ilhas Malvinas e a Região Sul do Brasil.

Chile – Convite às Jornadas Anárquicas Valpo 2017

via TURBA NEGRA

As Jornadas Anárquicas nascem de iniciativas individuais e coletivas em
Valparaíso, para propor um local de encontro para práticas e ideias
anti-autoritárias, estas jornadas serão realizadas de 21 a 26 de
novembro em diferentes espaços e de diferentes temáticas para
aprofundar as posturas e práticas anárquicas. O objetivo é atrair a
fraternidade e a auto-aprendizagem, gerar a comunicação entre diversas
experiências e lutas em relação à expansão da revolta.

Este ano tem sido agitado na luta contra o poder, tanto interna como
externamente, a realidade se faz confusa, o avanço dxs inimigxs continua
a atacar sem escrúpulos todx rebelde e comunidade em resistência. Nesse
contexto, nós somos habitantes de uma Valparaíso que vive a catástrofe
do capital: com sua gentrificação e turismo da decadência cultural da
mercadoria, com a expansão do porto, a multiplicação de câmeras de
vigilância, a xenofobia e a polícia. Em tempos de eleições, o circo é
evidenciado de sua maneira mais ridícula e arrogante. A democracia e sua
retórica de merda infectam os posicionamentos cidadãos e partidários. A
IIRSA COSIPLAN avança com seus projetos por todo o hemisfério sul; mas,
por sua vez, as diversas críticas e práticas de ação direta e
solidariedade também tomam com mais força e presença; nunca esquecendo
que princípios, meios e fins não devem se confundidos, enfatizando as
contradições, agitando a revolta e as idéias anti-autoritárias.

São tempos difíceis, mas as convicções seguem intactas. Hoje, mais que
nunca precisamos desenvolver nossas posturas, nossas formas de
organização e idéias de liberdade; em tempos de guerra, o que nos resta
é a irmandade, nossos princípios e práticas, a auto-aprendizagem e o
companheirismo. Na tensão do conflito desencadeado é que os
posicionamentos emergem, de diferentes leituras e indivíduxs; porque
este sistema quer a submissão é que apelamos para a rebelião, na memória
histórica de luta anti-autoritária. Sempre é hora para nos rebelar: é aí
onde vive a anarquia, no lado indômito de nossa luta, inimigo acirrado
do poder, sem pactos nem mesquinhez, sem mentiras nem dupla intenção. É
por isso que consideramos necessário multiplicar os momentos de
encontro, onde se aproximem experiências e perspectivas, fraternidade e
companheirismo. Que nosso espírito rebelde não se apague, que a
fraternidade viva na anarquia e que destruíamos a autoridade. Às vezes,
é bom tomar um ar, ver de que lado avança e acender o pavio; outras
vezes, parar, contemplar o local e se encontrar com seus pares:
conspirar e se retroalimentar. Porque o capital e o estado seguem
impávidos com seus lacaios servis, que os conflitos se expandam por
todos os cantos onde exista autoridade.

Porque lembramos dxs compas que se foram: El Brujo, Chente e Zorrita.
Porque não esquecemos dxs sequestradxs pelo estado.

Convidamos todxs aquelxs que querem e sentem a necessidade de se
encontrar, auto-aprender, e se solidarizar com as lutas anárquicas.

Alimapu, Primavera de 2017

Bra$il – Operação Érebo a terra se move. Agitações e reflexões anárquicas o vento sopra.

via e-mail [tormentasdefogo@riseup.net]

17/11/2017

Operação Érebo a terra se move.

Agitações e reflexões anárquicas o vento sopra.

No amanhecer do dia 25 de outubro de 2017 o tempo fechou para os/as anarquistas de Porto Alegre. A policia Civil com a Operação Érebo pôs em marcha invasões e assaltos televisionados pela mídia local e transmitidos pelos autofalantes do sistema em volume máximo.

A partir desta reação policial, do show e escrache midiático, e da agitação na órbita anarquista mil e uma necessidades, urgências, ideias, impulsos e sentimentos nos atravessaram. Desta reflexão nasceu esta vontade de comunicação. Apontamos nossa determinação contra o inimigo e firmamos o passo com quem faz viver a anarquia em suas posições e práticas.

Nossa natural tendência ao caos.

Somos, existimos e agimos para além do Estado, as leis e a democracia. Procuramos e espalhamos autonomia, mas sabemos que ela não se consegue negociando com o poder1.

Herdeiras/os das lutas pela liberdade e pela terra, dos guerreiros que ainda nos ensinam que se pode existir de várias maneiras para além da sociedade imposta. Sentimos uma inconformidade que persiste e insiste.

Olhando desde esta beira do rio, a democracia é só mais uma forma (atual) em que a civilização domina, mata e tenta apagar formas de existência que vazam da ordem militar e da obediência cega. Ainda mais, essa democracia que se apresenta como “o” valor de moda. E muitos caem cegos, ou ofuscam os olhos pelo seu brilho. Mas quem ama ser livre sabe que é só uma forma de governar e a vida é ingovernável, como os rios que mudam seu andar, como os animais que atacam seus domadores, como os povos que não se “vendem” ao trabalho escravo da sociedade ocidental. Assim a democracia é um ideal incompatível com quem não se deixa governar.

Suas máximas, os direitos, são ferramentas de colonização e de um humanismo que ainda distingue humanos de primeira, segunda, terceira, e mais categorias. Pode alguém defender isso?

Suas punições, as leis, são correntes que alguns adoram, mas que punem e marcam a quem tendo fome rouba e não mendiga.

A negociação com esse mundo é impossível, nossa relação com ele só pode ser o antagonismo2.

Tentam dominar e não podemos deixar de lutar contra isso, sem trégua. Nessa tendência instintiva à liberdade sem regras nem ordem, reconhecemo-nos no caos da anarquia.

A busca por anarquia é por si só um desafio ao poder. Todas as perspectivas da anarquia se propõem a desmantelar as instituições do poder. Podem ter desencontros de como fazê-lo, mas todo anarquista quer os Estados, corporações, suas instituições e valores em ruinas. Disto acreditamos não estarmos enganados. Desta forma o desejo pela anarquia na democracia é por si criminoso.

Não estando no código penal, o anarquismo e a afinidade com ele não são efetivamente crimes. O que nos dá uma margem de ação e deixa mais liberdade para se identificar com ele. Mas a corda dessa liberdade não é muito cumprida.

A chave que desfez o mistério. Plantas exóticas e agitação anárquica.

A ideia de que seres alienígenas chegam trazendo o “mal” é um mecanismo de controle e repressão antigo. Desde a Europa, vários compas anarquistas, expulsos ou foragidos, chegaram neste continente. Aqui eles foram detectados e catalogados como plantas exóticas, inços de ideias e ações perigosas.

Na última década do século XIX os senhores do poder já expulsavam anarquistas considerados nocivos para a “paz social”. Ou seja, seres indomáveis, feras que não se submetiam às leis e à ordem que garantem a exploração. Recordamos de Giuseppe Gallini que junto a outros companheiros agitadores na cidade de São Paulo foram presos e expulsos. Lembramos também de José Saul, expulso da cidade de Pelotas por ser um agitador anarquista. Mesmo destino tiveram vários outros compas anárquicos.

Em 1907, em resposta a crescente agitação social (revoltas, greves, organizações autônomas dos trabalhadores) e a também crescente presença anarquista, o Estado brasileiro endurece as políticas de expulsão contra os indesejáveis. Costurando uma nova fantasia jurídica para seus bailes repressivos, a lei Adolpho Gordo.

Quando os governantes, juízes e policiais afirmam, desde 1800 até agora, que os anarquistas somos plantas exóticas, propiciam sentimentos de xenofobia, e também constroem a imagem de uma suposta “passividade” nativa.

As políticas de expulsão e escrache contra aqueles que trazem a “teoria do caos”3 era e continua sendo um mecanismo de dispersão de encontros combativos. Segundo estas, a agitação anárquica seria exótica e poderia ser arrancada jogando os inços fora do Jardim.

Uma coisa é certa, os e as anarquistas chegaram de barco e continuam chegando por várias trilhas, no entanto, o impulso anárquico e o combate a dominação4 estão nestas terras desde tempos imemoráveis. O desejo de liberdade não tem época, pátria nem fronteiras e, anárquicos como somos, não reconhecemos a repartição do mundo em países, em Estados. A debilidade que teríamos ao pensar o mundo dividido em linhas artificiais nos deixaria doentes, sem a capacidade de reconhecer a terra com seus limites próprios e mutáveis, montanhas, rios, florestas, quebradas.

Assim, também, não reconhecemos que nossos companheiros sejam pertencentes a um ou outro pais, nós somos anarquistas e companheiros pela afinidade que temos em oposição ao controle e dominação. Não temos pátrias nem bandeiras e estamos longe de nos deixar nortear por sentimentos nacionalistas que só paqueram com o fascismo. O mundo é nosso porque com ele somos, e pela terra que habitamos sentimos nojo do progresso.

Além do mais, as ações recolhidas nas Cronologias da Confrontação Anárquica5 estão muito longe de serem alienígenas ou desorientadas dentro do contexto atual do território controlado pelo Estado brasileiro, como podemos constatar.

Os partidos políticos PSDB, PSB, PSD, DEM receberam visitas anárquicas6. O agronegócio, devastador da terra e dos povos, foi atacado com incêndio ao Banco Bradesco, a destruição de mudas de eucalipto e também barricadas incendiarias e bloqueios de estradas em território em luta com a civilização.

Também a militarização da vida foi nitidamente rechaçada com o ataque da Galera do Pixo do Triangulo CAV do Terror ao monumento da louvação da guerra nos arcos da Redenção, com a parcial destruição pelo Grupo de Hostilidades Contra Dominação do monumento do Batalhão de Suez/ONU avôs dos que hoje militarizam o Haiti, e com o ataque dos Vândalos Selvagens Antiautoritários que contribuiu para a retirada do tanque de guerra exposto como monumento na avenida Ipiranga.

Várias dessas ações foram, intuímos, incompreensíveis para a lógica da competição pelo poder. Eram ações que nada pediam nem demandavam. Só agrediam à dominação. Até que apareceu a chave que desfez o mistério (segundo o telejornal Fantástico), as Cronologias da Confrontação Anárquica e a publicação Benvindos ao Inferno.

Maldita literatura anarquista!

Os livros que estão na mira da polícia, além de difundir uma idéia, falam de ações reais. Eles coletam e apresentam várias peripécias e ousadias de alguns indomáveis. Vários bandos que bateram contra o que sentiam que oprime. Livros que um amante do controle e da submissão jamais gostaria de ver difundidos. É por isso que estes livros são livros abomináveis para as autoridades, mas também por isso, são livros de alta consistência insubmissa.

Na caminhada anárquica, vários exemplos deste tipo de perseguição literária dentro das democracias vem nos ensinando que escrever sobre a confrontação é tomado como uma afronta pelo poder. A publicação O Prazer Armado, escrito por Alfredo Maria Bonanno, provocou sua detenção na Itália e anos depois sua edição e impressão foi uma das “provas” de acusação contra o companheiro anarquista Spyros Mandylas e a Okupa Nadir na Grécia. No mesmo continente, na Espanha, o livro Contra a democracia foi usado como prova de uma suposta participação em uma organização catalogada como terrorista pelo Estado espanhol, que teve como resultado várias invasões, detenções e operações contra os compas, as quais nos permitiram solidarizar com elas, nos aproximar e nos fortalecer na procura de liberdade e na certeza de que estamos em planos antagónicos de vida, os que amamos a liberdade e aqueles que são capazes de encerrar, isolar, controlar horas de sol e formas de contato.

Ontem como hoje a busca por anarquia impressa em palavras sobre o papel tem sua potência de difusão e inspiração. Pânico para as autoridades de plantão que reagem com agressões assaltos e seqüestros.

Em 1969, no Rio de Janeiro, os militares destruíram e assaltaram o espaço de agitação dos anarquistas, o CEPJO (Centro de Estudos Professor José Oiticica), roubando ainda uma vasta biblioteca na residência do anarquista Ideal Perez. Além de roubarem os escritos originais do livro Nacionalismo e Cultura que estava por editar o anarquista Edgar Rodrigues, o qual para reavê-lo o comprou de volta dos repressores.

Em 1973 em Porto Alegre o DOPS (Departamento de Ordem Político e Social) chefiado pelo delegado Pedro Seelig invadiu a Gráfica Trevo, uma gráfica conduzida por anarquistas que, para além de impressões comerciais, imprimiam os jornais anarquistas que circulavam na época: O Protesto, vendido nas bancas de revistas de Porto Alegre e o jornal Dealbar, editado pelo anarquista Pedro Catalo, difundido em São Paulo. Também imprimiam livros editados por sua editora Proa. Nesta ocasião do assalto policial foram destruídos praticamente toda a impressão do livro O futuro pertence ao socialismo libertário e confiscado originais de futuras edições. Nesta tempestade casas particulares foram destroçadas e vidas foram sadicamente agredidas.

Malditos são nossos livros, jornais, escritos. Malditos somos os que tem a coragem e ousadia de escrevê-los, editá-los, traduzi-los, imprimi-los, difundi-los.

O Estado, a polícia, a democracia …

Não precisa de provas para perseguir anarquistas.

É sabido que nas perseguições a anarquistas não se precisam provas. Os livros foram o único fio que puderam segurar para apontarem a alguns que desde a agitação e propaganda incomodaram.

Sem provas mas não sem justificação, a reação do poder tem sua justificação sim. E essa justificação paradoxalmente é nosso maior sorriso. Saber que alguns bandos anárquicos bateram no poder só pode valorizar nossa posição já que manifesta antagonismo. Se nós nos chamamos anarquistas é porque não admitimos autoridade em nossas vidas nem na terra, assim o antagonismo à ordem imperante é um indicador básico de estar seguindo a trilha que dizemos seguir.

A Operação Érebo “procura dar com os autores dos ataques”, ou seja persegue ações mas parece ir atrás de ideias. Farejando literatura ácrata e pegando amostras das tendências, diversas, da anarquia. Confundindo a propaganda escrita com a propaganda pelo fato.

A propaganda escrita põe em evidencia algo que pareceria que queriam manter em segredo: que o poder pode apanhar dos anarquistas.

Temos claro que se se persegue as posições antiautoritárias é porque não se queimaram bancos, viatura e igrejas por piromania mas pela rejeição ativa e combativa à mercantilização da vida à punição e ao controle. E quando falamos disso não é em tom de denuncia mas como grito de alegria. É ai onde as ideias e afinidades “pesam”. Somos vários, todos, alvos na mira repressiva. Então na tormenta, no olho do furacão, ou flertamos com a passividade sistêmica nos maquiando de leis e direitos ou saímos mais fortes gritando que viva a anarquia contra toda forma de poder.

Luz câmera e ação. O show midiático.

A televisão tem uma força avassaladora no Brasil. É uma referência na vida das pessoas para entender seu entorno, criar prioridades, ter uma posição. Não é um exagero afirmar que a TV adestra as pessoas, manipula vidas, abertamente realiza experiências no comportamento das pessoas a partir dos estímulos que emitem suas ondas, em suas notícias propagandas e novelas.

Quando falamos da TV alinhamos junto seus jornais impressos, faces de um mesmo corpo, como: Zero Hora-RBS.TV/Globo7. Estes junto ao Correio do Povo e SBT8 protagonizaram associados licitamente à polícia a vingança do poder contra os anarquistas.

Se a TV é o controle à distância para os cidadãos saberem quem são os “novos inimigos da paz social”. Para os inimigos, ou seja para nós anarquistas, o show pretende ser o ventilador que espalha o medo. Cenas criadas toscamente como o encapuzado lendo a Cronologia ou os molotovs de garrafa pet e a polícia quebrando portas ao grito de “policia!”, querem mandar o recado da perseguição, querem provocar o medo em nosso bando e ainda em uma investigação que diz ser de sigilo, escracham e deixam em evidencia os “suspeitos”.

Trata-se de um linchamento midiático e certamente para quem não procura diálogo com a ordem social isso tem um peso. Abundam os comentários que se somando ao linchamento pedem fotos dos suspeitos ou reclamam por desvincular suas vidas de algo que uma vez retratado como o “mal” tem que ser banido e afastado para não poluir sua impecável vida cidadã.

Analistas políticos e juristas deram o toque ilustrado para espalhar o medo com “fundamentos”. Os anarquistas podem ou não serem julgados pela lei antiterrorista? Foi o debate apresentado por eles no show. Para além das uteis aulas que deram sobre o tema no Fantástico, mostraram que junto das forças repressivas os sábios da sociedade também colaboram com a criação do novo medo social. Não se trata mais de uma nota policial, agora é um tema social, jurídico, político, filosófico.

Os alcances desta confabulação podem ser maiores, o medo pode calar todo tipo de dissidência. Assim, o show serve para acalmar possíveis protestos e inconformismos com a genocida forma de governar da democracia.

Sabemos que os anarquistas e os povos fora da civilização e marginais tem um antagonismo que ficara depois do show. Mas, as outras dissidências se apressaram em se branquear como obedientes cidadãos? O medo penetrara até os ossos dos que se chamam rebeldes?

Entre nós não. Este texto assim como outras manifestações parecem afirmar o rechaço contra a dominação e não se deixar abater pelo medo.

O show vende e compra. Comprou a premissa no leilão policial da Operação Érebo. E vende. Sabemos que as notícias não são a toa, são jogadas pensadas no tabuleiro da dominação, visando fins específicos. É claro, eles nos dirão serem imparciais, portadores da justa visão dos fatos, da verdade.

Não existe mídia da livre expressão. A associação entre a mídia, polícia e justiça são profundas para punir todos que não dançam sua música.

Anarquistas.

Novembro de 2017.

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Nosso salve pra aqueles que não deixarm passar o vento sem o sopro da solidariedade:

A aqueles seres que fizeram uma manifestacao solidaria na grande ilha do Pacifico

Aos compas que mandaram solidariedade desde o outro lado da cordilheira dos Andes.

A compa que mando a poesia para os perseguidos desde a rebeliao das palavras

A todos que não se manteram quietos.

Todas essas ações se fizeram sentir.

1 Distanciamo-nos da ideia de que o poder é bom ou ruim dependendo de quem o exerce. Brindamos com Bakunin “Todo poder corrompe”.

2 Usamos a palavra antagonismo para expressar a incompatibilidade da anarquia com o poder e a dominação.

3 Palavras do delegado Jardim no jornal do almoço na manha do dia 25 de outubro de 2017, tentando definir os/as anarquistas investigados.

4 Tomamos a referência da posição contra a dominação de alguns dos comunicados que reivindicam os ataques que detonaram a Operação Érebo. O combate á dominação, segundo estas ações, não se trata de um antagonismo que priorize uma linha (classe, raça, gênero, defesa da terra), mas de um antagonismo em conflito com isso tudo e ainda mais, contra as sutis e complexas formas de controle e domínio.

5 As Cronologias da Confrontação Anárquica, são dois dos três livros que estão no foco da Operação Érebo.

6 Segundo as Cronologias da Confrontação Anárquica ações de ataque reivindicadas quanto não reivindicadas (conhecidas só pelas notícias) apresentam o princípio anárquico se agem em antagonismo com as instituições do controle e da dominação. Os partidos, neste caso, são os principais contendentes na procura de governar, controlar e mandar na população e no território.

7 A empresa Zero Hora-RBS.TV/Globo no processo instaurado contra o Bloco de Lutas nas agitações de 2013 dispôs até de repórter como testemunha de acusação.

8 Na manhã do dia 25/10/2017 somando-se ao show televisivo o repórter Thiago Zahreddine, da empresa SBT, apresentou a mistura aberrante dos anarquistas investigados como neonazistas, em suas palavras: “Se definem como vândalos de ideologia neonazista afim de enfrentar todo tipo de autoridade”. Tendo em conta a receptividade das pessoas ao que lhes diz a TV, essa aberração vai para além da estupidez do repórter.