¿QUIENES MATARON A INDIO? – Una respuesta al llamado anarquista por un Deciembre Negro

¿Cómo así, quién lo mató? Si los nombres y faces de los asesinos ya se conocen … Los carniceros medios de comunicacion no han perdido tiempo en transformar rápidamente el acontecimiento en espectáculo. La exposición no sólo de quien lo agredió hasta el último suspiro como de su familia, de las transexuales a quienes defendió, de su historia de vida y una serie de informaciones, sólo sirven para crear una gran cortina de humo. Ante esta situación vejatoria, dos años después de su muerte, resulta indispensable narrar el acontecimiento desde abajo de las garras de la dominación.

En una noche navideña nada pacífica, dos neonazis perseguían transexuales que estaban dentro de la estación Pedro II con intención de hacerlas lo mismo que hicieron con Indio. Eso sólo evidencia la persistente busqueda contra quien libera sus deseos y voluntades y se levanta ante la normalidad impuesta. Sin embargo, en una convicta negación de la pasividad, el vendedor ambulante de 54 años decidió firmemente defenderlas. Esta actitud le costó la vida.

La presencia de los guardias del metro y de los ciudadanos comportados no ayudo y no sería diferente. Todos los días esa estación está llena de autómatos ciegos por la rutina cumpliendo órdenes superiores. Luiz Carlos Ruas, negro, trabajador autónomo, que mantenía su gana pan al lado de fuera de la estación, en contra de ese marasmo habitual de las ciudades, en su último día, como probablemente en sus tantos otros anteriores, siguió instintivamente la procura de la libertad.

Un acto verdaderamente insurgente de solidaridad y acción directa, en medio de una sociedad cada vez más domesticada que cierra los ojos para la guerra instalada aquí y ahora. Una guerra contradictoria reforzada por los agentes que igual a los agresores causaron la muerte de otro hombre negro sin ningún cuestionamiento de esa sospechosa autoría. Son estructuras todas programadas para matar y dejar morir.

La postura de la seguridad del metro no sorprende ni un poco. Se omiten innumerables casos día a día, de acoso sexual contra mujeres, de agresión contra personas que trabajan en los vagones del tren, palizas contra personas que no son bienvenidas en ese ambiente y medio de transporte que, a pesar de que pocas consiguen pagar para usar, todas sufren los daños de la existencia de tal tecnología civilizatoria que atenta contra la vida y la naturaleza. En las venas de la ciudad corre la sangre derramada por las autoridades y sólo de esa forma se mantiene esa arquitectura asesina.

Por lo tanto, al lado de Alexis Grigoropoulos, asesinado por la policía en el gueto de Atenas en 2008, Sebastián Oversluij, asesinado por la seguridad bancaria tras un intento de asalto en 2013, junto a tantas otras personas que se atrevieron a buscar la libertad y por eso murieron sin tener su nombre recordado, Luiz Carlos Ruas es uno más, más que vivo en cada acto de inconformidad y rebeldía incontenida. Las autoridades y la pasividad mataron a Indio.

LA UNICA MUERTE ES EL OLVIDO!

LUIZ CARLOS RUAS PRESENTE!

POR UN DECIEMBRE NEGRO!

Anarquistas

[São Paulo, Bra$il] “WHO KILLED INDIO?” – A response to the anarchist call for a Black December

How’s that, “who killed him”? If the murderes’ names and faces are already known… It did not take so long untill the butchery media turned this event into spectacle. There was an exposure not only of who assaulted him untill his last breath but also of his family, of the trans people he defended, his life history and a lot of information applied just to create a huge smokescreen. Up this disgusting situation, two years after his death, it becomes indispensable to tell this event from beneath the claws of domination.

On a nothing peaceful Christmas night, two neonazis chased transsexuals inside the “Pedro II” subway station (name given from brazil’s colony last king) with the intention of doing exactly the same as they did with Indio. Which only demonstrates the persistent hunt against those who free their desires and wills and stands against the imposed normality. However, in a convinced denial of passivity, the 54-year-old street vendor has firmly decided to defend them. This attitude costed him his life.

The presence of the subway guards and the well-behaved citizens did not help and would not be different. Every day every subway station is full of automats blinded by the routine fulfilling superiors orders. Luiz Carlos Ruas, a black, autonomous worker, who kept his selling outside the station, against the usual doldrums of the cities, on his last day, as probably in his many previous ones, instinctively followed the search for freedom.

A truly insurgent act of solidarity and direct action, in the midst of an increasingly domesticated society that shuts its eyes to the war set up here and now. A contradictory war reinforced by the agents who as well as his aggressors caused the death of another black man without any questioning of this suspected authorship. Those are all structures programmed to kill and let die.

The security guards’ behavior was not surprising at all. Numerous cases are omitted day after day, sexual harassment against women, aggression against people working in train cars, beatings against people who are not welcome in this environment and means of transportation that, although only a few can afford, all suffer the damages of the existence of such civilizing technology that attacks life and nature. In the veins of the city runs the blood shed by the authorities and only by this way it maintains this murderer architecture.

So, as Alexis Grigoropoulos, murdered by police in the Athens ghetto in 2008, as Sebastian Oversluij, murdered by a bank guard after a robery attempt in 2013, along with so many other people who dared to seek freedom and therefore died without having their name remembered, Luiz Carlos Ruas aka Indio is one more that is more than alive in each act of inconformity and rebellion. Authorities and passivity killed Indio.

THE ONLY DEATH IS OBLIVION!

LUIZ CARLOS RUAS PRESENTE!

FOR A BLACK DECEMBER!

Anarchists

[São Paulo, Bra$il] QUEM MATOU ÍNDIO? – Uma resposta ao chamado anarquista por um Dezembro Negro.

Como assim, quem o matou? Se os nomes e rostos dos assassinos já são conhecidos… A mídia carniceira não perdeu tempo em transformar rapidamente o acontecimento em espetáculo. Houve uma exposição não só de quem o agrediu até o último suspiro como da sua família, das transexuais a quem defendeu, da sua história de vida e uma série de informações, apenas para criar uma grande cortina de fumaça. Diante dessa situação vexatória, dois anos após sua morte, torna-se indispensável narrar o acontecimento desde abaixo das garras da dominação.

Numa noite natalina nada pacífica, dois neonazistas perseguiram transexuais que estavam dentro da estação Pedro II com intenção de faze-las o mesmo que fizeram com Índio. O que apenas demonstra a persistente caça contra quem liberta seus desejos e vontades e se levanta diante da normalidade imposta. No entanto, numa convicta negação da passividade, o vendedor ambulante de 54 anos decidiu firmemente defende-las. Essa atitude lhe custou a vida.

A presença dos guardas do metrô e dos cidadãos comportados não adiantou e não seria diferente. Todos os dias aquela estação está cheia de autômatos cegos pela rotina cumprindo ordens superiores. Luiz Carlos Ruas, negro, trabalhador autônomo, que mantinha seu ganha pão ao lado de fora da estação, na contramão desse marasmo habitual das cidades, no seu último dia, como provavelmente em seus tantos outros anteriores, seguiu instintivamente a busca pela liberdade.

Um ato verdadeiramente insurgente de solidariedade e ação direta, em meio a uma sociedade cada vez mais domesticada que fecha os olhos para a guerra instalada aqui e agora. Uma guerra contraditória reforçada pelos agentes que igualmente aos agressores causaram a morte de mais um negro sem nenhum questionamento dessa suspeita autoria. São estruturas todas programadas para matar e deixar morrer.

A postura da segurança do metrô não surpreende nem um pouco. São omitidos inúmeros casos dia após dia, de assédio sexual contra mulheres, de agressão contra pessoas que trabalham nos vagões do trem, espancamentos contra pessoas que não são bem-vindas nesse ambiente e meio de transporte que, apesar de poucas conseguirem pagar para usar, todas sofrem os danos da existência de tal tecnologia civilizatória que atenta contra a vida e a natureza. Nas veias da cidade corre o sangue derramado pelas autoridades e só dessa forma se mantém essa arquitetura assassina.

Portanto, ao lado de Alexis Grigoropoulos, assassinado pela polícia no gueto de Atenas em 2008, Sebastian Oversluij, assassinado pela segurança bancária após tentativa de assalto em 2013, ao lado de tantas outras pessoas que ousaram buscar a liberdade e por isso morreram sem ter seu nome lembrado, Luiz Carlos Ruas é mais um que está mais que vivo em cada ato de inconformidade e rebeldia incontida. As autoridades e a passividade mataram Índio.

A ÚNICA MORTE É O ESQUECIMENTO!

LUIZ CARLOS RUAS PRESENTE!

POR UM DEZEMBRO NEGRO!

Anarquistas

[São Paulo] “Semanas de agitação anti eleitoral”

SEMANAS DE AGITAÇÃO ANTI ELEITORAL

Dias antes das eleições se aproximarem, deu-se informalmente em São Paulo algumas iniciativas de difusão de ideias ácratas a respeito do não-voto. São três afiches espalhados pela cidade: “CUSPA AQUI”, contra o representante do fascismo Jair Bolsonaro, “NEM ESQUERDA, NEM DIREITA”1, contra as instituições e “A DEMOCRACIA É APENAS UMA CONTINUAÇÃO DA DITADURA”, contra as formas de governo vigentes. A partir deste breve relato sobre as colagens e pixações, faz-se uma exposição mais além das palavras de ordem referidas.

O segundo turno se aproxima. No entanto, não há dúvidas de que o resultado não será determinado pela votação. Isto é, o fascismo vêm se expandindo desde muito tempo2. O verdadeiro campo de batalha não está delimitado nas urnas, mas sim no campo delimitado por linhas imaginárias chamadas de fronteiras nacionais. O nacionalismo e o patriotismo sempre estiveram por aí. A bandeira do Estado de São Paulo, por exemplo, é ostentada em cada prédio público, ao lado da bandeira do Brasil, enquanto algumas datas marcadas no calendário rememoram episódios fundamentais para a ploriferação do autoritarismo.

A construção dessa fantasia não deveria incomodar igual? Existe liberdade dentro de um território controlado por um Estado? Não se trata exatamente do genocídio de pessoas marginalizadas e da produção de dissidências, a edificação das instituições?

A narrativa dos governos quaisquer que sejam sempre aponta um inimigo interno. Está pressuposto. Não haveria sequer possibilidade de nomear diretores para os presídios se não houvesse gente para ser presa4. É disso que se trata tanto a democracia quanto a ditadura: uma necessidade constante de eliminar a vida. Desde que nascemos, uma realidade nos é imposta e devemos aceitá-la ou senão enfrentar as consequências mais cruéis para xs que recusamos ou subvertemos as regras do jogo5.

A ditadura militar transformou-se numa democracia ao final dos anos oitenta, sem deixar de lado a guerra contínua instalada nos cantos deste território específico. Ao contrário, este conflito se revigora a cada ciclo desde a colonização6. Isso se dá fundamentalmente através da generalização do medo. Não é muito curioso que a mídia corporativa estampe as manchetes das agressões7 antes ignoradas e, consequentemente, normalizadas, inclusive, pela própria população e demais que se calavam diante dos fatos? Qual a finalidade disto, senão espalhar medo entre as pessoas para enfim mante-las disciplinadas nos seus empregos, escolas etc?

Para quê outra coisa servem os regimes desde aquele período, senão para controlar de maneira violenta – e nunca suficiente, pois a repressão é a resposta principal de qualquer governo, invariavelmente, para aquilo que lhe é estranho – todos esses conflitos pela vida livre? Mais uma vez se apresenta, em forma de “crise”, uma fase para renovar as formas de poder, na medida em que o atrito sempre presente das difusas resistências deteriora a dominação. Porém…

A GUERRA PELA LIBERDADE NÃO CESSARÁ!

NEM DITADURA, NEM DEMOCRACIA!

NEM ESQUERDA, NEM DIREITA!

PELO CAOS E ANARQUIA!

Anarquistas.

Notas:

1 Este é um afiche replicado aqui em São Paulo. Originalmente, o mesmo apareceu pela primeira vez nas ruas de Porto Alegre. Um salve para xs cumplices da luta informal!

2 Em 2011 antifascistas e anarquistas ocupamos o vão do MASP para barrar uma primeira manifestação de apoio a Jair Bolsonaro animada por nazistas da região de São Paulo. Na época, muitas pessoas se isentaram de tomar sua posição porque julgavam ser “apenas um confronto entre subculturas”: https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2011/04/06/neonazistas-ajudam-a-convocar-ato-civico-pro-bolsonaro-em-sao-paulo.html

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2017/11/01/porto-alegre-rs-quando-a-anarquia-incomoda-comunicado-da-biblioteca-kaos-diante-da-perseguicao-contra-anarquistas/ 

Por exemplo, a agressão contra uma mulher que teve uma suástica marcada na pele. Nesse caso, replicamos a notícia apenas para dar luz a um detalhe talvez pouco percebido: o mesmo delegado que afirmou ser “um símbolo budista” é o VERME Paulo Jardim responsável pela “Operação Érebo” que perseguiu anarquistas!

Panfleto + atividade antifascistas em Porto Alegre

Os textos a seguir remetem ao ato antifascista na cidade de porto alegre (11/10). Um salve para todxs compas ao sul que continuam firmes na agitação contra toda autoridade!

via e-mail:

Breve relato do ato:

No Ato Antifascista, do dia 11 de outubro, em Porto Alegre, muitas vontades e formas de luta se juntaram para mostrar que, a pesar das vergonhosas porcentagens de eleitores que optaram pelo fascismo, existem pessoas que pelos menos sairão nas ruas para mostrar um rechaço ao totalitarismo. Muitas bandeiras se fizeram presentes no ato: A torcida antiracista/antifascista, feministas, antiespecistas, estudantes, anarquistas de várias propostas, bandeiras da diversidade sexual, bandeiras contra o racismo, um bando de capoeiras quem, armados de berimbaus e uma faixa que dizia: Capoeira Angola Contra o Fascismo. Mestre Moa Presente. Vidas Negras Importam, deram resposta de força diante do assassinato bolsonarista do Mestre Moa, na Bahia. Outra faixa lembrava aquela frase muito oportuna de Marighela: Não Temos Tempo Para Ter Medo, como conjurando o afastamento desse sentimento nestes tempos difíceis. Marielle Presente! gritava mais uma faixa, repudiando o assassinato para-estatal acontecido no Rio de Janeiro. Assim, foram várias as expressões que criaram uma turbulência de coletividades e individualidades no rechaço à figura do fascismo atual, Jair Bolsonaro. A caminhada fluiu sem demoras. Claramente ecoava com mais força “ele não” e frases de rechaço ao fascismo. Mas, nos gritos, também podia se aperceber a intenção de alguns partidos, de esquerda, por se apropriar do ato fazendo campanha, seu empenho para se aproveitar de toda luta não tem limites. Foram eles, os da esquerda partidarista, quem propuseram terminar o ato no Largo do Zumbi, após menos duma hora de caminhada. Felizmente, nesse momento, algumas pessoas mais se juntaram e chamaram para que o ato continua-se, e continuou. Há tempo não se veia um tumulto assim na cidade, um tumulto sob a consigna de oposição ao autoritarismo. É Importante ressaltar que estas primeiras saídas nas ruas, são sinais significativas, tanto para nós que odiamos todo tipo de autoridade, quanto para os inimigos, de que haverão respostas diante do ressurgimento do autoritarismo, esta vez democraticamente eleito.

PANFLETO DIFUNDIDO DURANTE O ATO:

NÃO ELEJA UM FASCISTA! SÓ A LUTA MUDA A VIDA!!!

Calar hoje é ser cúmplice. Nunca, estaremos a serviço dos tiranos, nem seremos os tiranos de ninguém. Se hoje saímos, nas ruas, é para nos revoltar contra a ascensão da visão de mundo que louva o fascismo e o autoritarismo. O sentimento de desilusão com a democracia que tem se consolidado através da mídia e da ausência de propostas libertárias e críticas radicais, vem fortalecendo uma onda reacionária muito perigosa, cuja personificação está na figura de Jair Bolsonaro. O candidato, autor de diversas frases racistas, homofóbicas e machistas, não esconde sua intolerância tão bem quanto esconde as quantias vergonhosas recebidas em propina por seu partido (PSL) e seus 2,6 milhões em bens da Justiça Eleitoral. Anticorrupção? Nos conte outra.

A principal bandeira de sua campanha, o porte de armas, explicita seu comprometimento com os interesses dos ricos, que controlam a segurança privada e contam com as polícias para os proteger, enquanto os mais pobres atiram uns nos outros e são exterminados nas periferias pela policia e o exército. Bolsonaro não tem proposta de cultura e ensino públicos -o que sabidamente reduz as estatísticas criminosas- e ainda se posiciona contrário aos investimentos em saúde e educação, tendo votado a favor da Emenda Constitucional 95 que congela os gastos públicos nesses setores por 20 anos.

Não existe ameaça comunista no Brasil, mas uma ameaça às nossas vidas por parte do escravismo moderno o qual representa Bolsonaro. ELE É INIMIGO DE TUDO O QUE EXISTE! sua proposta de governo é um genocídio devagar: Acabar com o 13º salário, licença maternidade e creches comunitárias, além de aumentar os impostos que pagam os trabalhadores, a defesa aberta do ódio racial e a entrega da Amazônia para ser explorada. Só se engana quem quer: O MITO É UMA MENTIRA.

Somos todos nós, os que já lutamos contra um sistema que tem nos declarado a guerra há séculos, quem vai pagar essa conta. Sendo confrontados pelos fascistas de sempre, que agora sentem a proteção estatal para poder agredir todo aquele que não pensa como eles.

Por cada morto pelo fascismo, por cada agressão contra a vida livre, precisamos reagir e combater a ascensão do fascismo imposto pela absurda democracia que nunca melhorou nada para a grande maioria.

Sair para combater o fascismo, não se trata de se unir a todo mundo acriticamente, facilitando ser usados como campanha de outro partido, Não precisa eleger ninguém para mostrar o descontentamento com a política atual. A própria democracia e o voto foram os que situaram o novo fascismo onde está: pronto a governar. Trata-se, simplesmente, de compartilhar o embate ao fascismo e ao autoritarismo, de sair nas ruas para mostrar que a chibata dos fardados não nos governará, que não temos medos nem fraquezas, muito pelo contrario, QUE ESTAMOS NAS RUAS NA DEFESA DA LIBERDADE CONTRA TODA OPRESSÃO: FORTES, DECIDIDOS E
OBCECADAMENTE INGOVERNÁVEIS.

Porque o tirano, não admite nenhum suspiro de liberdade, as pessoas livres não admitimos tiranos, de cor nenhuma, nem seus defensores.

NEM FASCISMO, NEM REFORMISMO: SÓ A LUTA MUDA A VIDA!

Porto Alegre.

Outubro de luta, 2018

 

 

 

 

 

Sai o segundo número da publicação “Crônica Subversiva”

via e-mail

Depois de uma operação anti anarquista em Porto Alegre, a condenação dos
23 no Rio de Janeiro e antes da festa eleitoral daqueles que tentam
governar e devastar tudo, aparece o segundo número da Crônica
Subversiva.

Como cada publicação antiautoritaria que surge em diferentes tempos e
lugares, a Crônica Subversiva procura ser um canal de expansão de idéias
que não estão, nem estarão nunca, contidas nos meios de comunicação.
Também é uma publicação com uma visão particular da vida, da autonomia,
e da procura da anarquia e da revolta, que parte daquele instinto,
inquebrantável e sincero, de sermos indômitos. Essa a sensação que faz
as pessoas sair nas ruas, se arriscar, agir, e fazer algo na anarquia, a
que procuramos espalhar com estas letras.

Primavera 2018

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De férias em Hamburgo: Selfies, distúrbios e a tirania das imagens

via VOZCOMOARMA

tradução TDF

nota: a tradução deste texto fundamental, embora tardia, compõe parte da nova edição de “BEM-VINDO AO INFERNO: TEXTOS SOBRE A INSURREIÇÃO CONTRA A CÚPULA DO G20”. Esta publicação completará um ano em breve. Para marcar essa data, às vésperas de mais uma cúpula, dessa vez no território dominado pelo estado argentino, haverá um lançamento dessa zine agora no formato de livro. A reedição contará com novos textos em português que serão aos poucos acrescentados no site.

Há um mês atrás, em Hamburgo, na Alemanha, a cúpula do G20 começava e, com ela, protestos massivos contra a mesma, que reivindicavam desde um capitalismo “mais humanitário” até a destruição completa deste sistema para construir um outro mundo mais ético, onde todxs nós tenhamos espaço e sejamos respeitadxs, onde não haja lugar para opressão ou hierarquia, onde se cuide da terra e se faça desaparecer dos nossos valores e metas de vida a sede inssaciável de ganhos materiais vazios na qual a sociedade está embasada.

O que sucedeu durante os 3 dias em que a cúpula e as mobilizações duraram pode ser lido em muitos sites, incluso neste mesmo blog se você se buscar as postagens correspondentes (do início de julho passado, para quem tiver curiosidade), e, dado que eu, por várias razões que não vẽm ao caso, não pude viajar para Hamburgo (e não me faltou coragem), não vou comentar sobre o que aconteceu e nem vou me concentrar nos detalhes. Sobre isso, xs kompas que estiveram por lá já falaram e seguem falando.

O que eu gostaria de falar, sim, é um aspecto particular daquelas mobilizações, que acho que ocorre com demasiada frequência neste tipo de contexto e que, pelo menos a mim, me parece um problema sério, além de algo que me irrita. É o que conhecido como “tirania da imagem”.

Em uma sociedade como a de atualmente, o espetáculo reveste tudo. Nossas vidas se convertem num fluxo compulsivo de imagens, estereótipos e mercados de identidades, para alimentar com os quais um perfil, uma projeção de nós mesmxs muitas vezes adulterada, fictícia, mas com a qual, de algum modo, nos livramos das nossas carências e dos aspectos da nossa vida real que não gostamos ou não nos sentimos satisfeitos (ao invés de tentar mudá-los, nós os escondemos com imagens), de forma semelhante ao que acontece na maioria das redes sociais. Não importa quem você é, mas quem você parece ser. As demais pessoas têm que ver numa tela uma foto que confirme tudo, se não aparecer na TV ou na Internet, não existe. Para isso, da mesma forma que os novos ricos liberais e modernos tiram fotos de seus luxos e os compartilham na Internet para que todo mundo conheça seu estilo de vida exclusivo e admire seu “sucesso”, dentro de ambientes revolucionários, anti-capitalistas, anti-autoritários… essa mesma ditadura de aparência é produzida em bases quase idênticas. No meio dos distúrbios, muitas pessoas querem sua lembrança, sua foto de recordação, como alguém que paga alguns euros a mais para a empresa de um parque de diversões tirar uma foto dessa pessoa durante sua viagem na montanha-russa mais alta e mais veloz. As imagens circulam de forma frenética nas redes sociais, nos blogs, nas grandes plataformas de vídeo e foto, para o deleite da polícia e dos serviços de informação, que, se não prenderem ninguém, então só terão que mergulhar um pouco na internet para encontrar um suculento material fotográfico para seus fichamentos, enquanto que, se caso eles infelizmente prendam alguém, [as autoridades] terão apenas que revistar o celular dessa pessoa (algo que estes agentes normalmente fazem quando você está trancado em uma cela e seu telefone e documentação estão na posse deles) para encontrar as evidências que confirmem a presença dessas pessoas nas manifestações onde ninguém, a não ser elas mesmas e xs compas, precisa saber que foram, provas que logo podem ser usados em um julgamento. Por outro lado, os meios de comunicação da imprensa comercial também tiram seu proveito de ativistas que colocaram numa bandeja as fotos perfeitas para as reportagens sensacionalistas.

Não entendo a necessidade, nem a finalidade de fotografias como essas:

O que essas pessoas querem? Guardar uma recordação para contar aos seus netos? Não quero negar a importância de documentar este tipo de evento em nível fotográfico e audiovisual, já que muitas vezes, se não fossem as pessoas aficionadas pelos registros deste tipo que coletam e registram tudo isso, seja como parte de grupos de mídia alternativa relacionada aos movimentos sociais ou por conta própria, não estaríamos inteirados de muitas das coisas que acontecem. Porém, é importante manter uma cultura de segurança e, sobretudo, levar em conta que, ao fotografar assim, não só estamos expondo a nós mesmos como também a outras pessoas em nosso meio ou a outrxs companheirxs que nestes momentos podem estar agindo, e que talvez não queiram participar de seu fetichismo irresponsável.

É importante refletir sobre isso e não cair em uma posição ambígua ou passiva de “cada qual faz o que queira”. Há companheirxs levando a sério seu anonimato, sendo perseguidxs e vigiadxs, enquanto outrxs brincam de revolução entre flashes e “selfies”.

Tudo é heroísmo e publicidade, estética, top-models da revolta, até a polícia te fichar e então será quando você desejará com toda sua força não ter publicado aquela maldita fotografia…

Por uma cultura de segurança e responsabilidade.
Contra o fetichismo da imagem e do rosto-coberto.

 

 

 

ANTI-REPORTAGEM: Relato sobre a rebelião no presídio de Lucélia (São Paulo, Bra$il)

Nota: O texto a seguir é fruto de muitos esforços. Tudo aqui registrado é considerado muito comum para as pessoas que acompanham a situação das cadeias. Isso não significa que não seja necessário fazer ecoar os gritos ouvidos desde Lucélia. Um salve às pessoas indomitas envolvidas na caminhada constante pela contramão do sistema. À construir e fortalecer tais iniciativas desde uma visão anti autoritária! Difundir a rebelião!

No dia 26 de Abril deste ano, aconteceu mais uma rebelião em São Paulo, algo muito recorrente neste território controlado pelo estado brasileiro. Dessa vez no presídio de Lucélia, onde os presos reivindicavam melhores condições no tratamento. Para revidar às condições de vida atrás das grades, os presos se insurgiram pela sua dignidade, que o estado condena e aniquila.

No dia 5 de maio, montou-se um acampamento à beira da rodovia em frente a prisão, composto em sua maioria por mulheres. Nesse local, muitos veículos passam em alta velocidade. A unidade prisional, que tem quatro raios, está destruída e ainda mais inabitável. Este fato deixa claro o longo alcance da sociedade carcerária. Na maioria das vezes, para cada pessoa sequestrada pelo estado, há muitas outras sendo igualmente acorrentadas pela existência das prisões.

Antes da rebelião, a cadeia contava com quatro conjuntos de celas. Exceto os que foram transferidos pra outras 12 unidades prisionais, ainda restaram presos em algumas delas. Depois do levante, o número de conjuntos diminuiu pela metade1 – gerando superlotação. Nenhum preso mais seria transferido. Alguns foram transferidos sem aviso às famílias, que reivindicavam uma lista com os nomes dos presos que permaneceram no local.

Contudo, a página da SAP (Sistema de Administração Penitenciária) registrou, no dia 3 de agosto de 2018, que havia apenas 117 presos em Lucélia, todos na “progressão penitenciária” (ala reservada a pessoas que estão próximas de cumprir pena ou ainda destinada a pessoas com “bom comportamento”).

As transferências foram efetivadas em “bondes” superlotados. Antes de partir, os veículos ficaram mais de uma hora no sol com os presos dentro, sendo possível ouvir os homens implorando por água. Nas demais unidades, os presos transferidos de Lucélia foram alocados nas partes mais precárias.

Os familiares foram impedidos de realizar visitas. Segundo as mulheres presentes no acampamento, as restrições às visitas foram impostas pelo fato de todos os presos estarem machucados após a rebelião. Vale ressaltar que a repressão antes, durante e depois da rebelião foi orquestrada pela diretoria da unidade prisional de Lucélia.

Desde os primeiros dias após a rebelião, as mulheres sofreram repressão policial contra seu acampamento. Elas afirmam que queriam expulsa-las de lá. Os olhares, risadas, e fotos por partes dos agentes penitenciários em relação a elas eram constantes.

As mulheres apontam que em frente a unidade foi possível escutar tiros, bombas, latidos de cachorro, assim como pedidos de socorro dos presos, desde o dia 26 de abril2.

Mesmo em momentos de silêncio, quando tudo parecia “mais calmo”, de repente se ouvia barulhos de tiros e bombas, seguidos de gritos de socorro por parte dos presos. Estes ruídos eram tão altos que foram ouvidos por elas do lado de fora.

Elas disseram que a repressão ficaria ainda pior caso saíssem de lá. Ao ouvir a repressão na parte de dentro, elas começavam a protestar na parte de fora.

As mulheres acompanharam a entrada da alimentação na unidade. O carro que entrava era de pequeno porte, ou seja, transportava insuficiente comida para alimentação de todos. Os horários de entrada da alimentação eram desregulados3.

Houve dias em que o veículo não entrou no presídio e dias em que, à meia noite, os presos ainda não tinham jantado.

Os presos permanecem só de cueca desde a rebelião. A diretoria da unidade informou ter entregue os recursos (roupas, materiais de higiene, cobertas e colchões). No entanto, a quantidade de insumos era insuficiente, dado os efeitos destrutivos da rebelião contra a estrutura da unidade.

As correspondências enviadas retornavam a quem enviou. Nem advogados, nem familiares estavam autorizados a realizar visitas. A diretoria é responsável. Os 900 presos remanescentes após a rebelião e as transferências tiveram 10 minutos de água por dia enquanto permaneceram no local. Uma mulher teve um aborto no dia da rebelião. No acampamento, havia duas mulheres grávidas de oito meses. As despesas custam por volta de 700 reais para que cada uma dessas mulheres compareçam ao presídio durante os finais de semana, desde o deslocamento para a região do presídio até os gastos com insumos.

As eleições estão aí. Novos representantes irão se erguer. São pessoas responsáveis por manter a civilização funcionando. Independente de quem seja eleito, as cadeias continuarão a existir. Por isso, é necessário avançar para a ofensiva permanente contra as estruturas de poder já que elas não vão cessar. A democracia é apenas a continuidade da dominação, das ditaduras, dos extermínios, das colonizações. Resta somente a ruptura violenta contra as autoridades e a realidade imposta.

NÃO À PASSIVIDADE!!!

PELA LIBERDADE TOTAL!!!

PELA DESTRUIÇÃO DAS CADEIAS!!!

1 A penitenciária de Lucélia possuia capacidade para abrigar 1.440 pessoas, mas até a rebelião tinha, segundo registros oficiais, naturalmente dubitáveis, um total de 1.820 presos.

2 O GIR (Grupo de Intervenções Rápidas), divisão policial responsável pela contenção de rebeliões nas cadeias, está permanentemente no local, desde o início da rebelião, agindo violentamente.

3 Essa situação é recorrente. Alguns presídios em São Paulo estão sendo apelidados pelos presos como “etiópia” devido à cada vez mais constante falta de alimentação. Inclusive, desviar dinheiro destinado para alimentação nas cadeias é uma forma comum de corrupção no sistema prisional. Por exemplo, quando a receita destinada a este fim é superfaturada. Cadeia é um negócio lucrativo. A maioria delas conta com serviços tercerizados, prestados por empresas amigáveis aos diretores das cadeias.

“Últimos exames e solidariedade revolucionária” Palavras de Juan Aliste Vega desde o hospital penal

via PUBLICACION REFRACTARIO

tradução tormentasdefogo

Os esforços e a insistência que temos feito dentro e fora dos limites físicos da prisão por mais de 4 meses, conseguiram que, na quinta-feira, 19 de julho, eu fosse transferido da prisão de alta segurança para o hospital penal para realizar em mim um eletrocardiograma e vários exames de rigor. Na sexta-feira, 20 de julho, de manhã, novamente eu sou transferido para o INCA, Instituto de Neurocirurgia, em meio a uma considerável operação policial/prisional para finalmente realizar uma angiografia, exame que busca capturar uma imagem mais detalhada da área do cérebro onde mantenho a malformação cerebral produzida por golpes anteriores. Vale a pena lembrar que este exame é fundamental e essencial para o processo cirúrgico iminente ao qual devo me submeter. Finalmente, o exame foi realizado sem qualquer problema, com um tratamento correto e digno pela equipe médica em questão.

Uma vez que esse procedimento foi concluído, eu fui levado de ambulância para o hospital penal, de onde serei liberado para retornar ao cárcere de segurança máxima nas próximas horas. As tecnicalidades médicas só procuram esclarecer e prestar contas da minha situação atual. Há várias etapas que devem vir a seguir, tão ou mais complexas que esta, até, finalmente, a operação cerebral qualificada como urgente desde março, apesar de todos as entraves e obstáculos que envolvem ser refém do Estado, estar sob custódia da maior polícia mais ferrenha do território que age com a lógica da vingança e da crueldade, e ademais estar submerso no repulsivo tecido burocrático.

Estas palavras, longe de qualquer vitimismo ou lástima, se encontram carregadas de vitalidade revolucionária, insurecta e subversiva. No constante exercício da solidariedade revolucionária recíproca que nós, prisioneirxs libertárixs levamos a cabo durante anos, se torna imprescindível comunicar os recentes passos dados nesta nova batalha. Não foi a primeiro e, sem dúvida, não será a última que como reféns do Estado teremos de enfrentar.

Eu gostaria de aproveitar esta comunicação para abraçar as diferentes iniciativas realizadas em Santiago, Concepción, Valdivia, Temuco e outros territórios, bem como os gestos internacionalistas que sabem atravessar fronteiras na Argentina, Uruguai, Brasil e Espanha… Gestos e atividades onde praticamos uma solidariedade que constrói e reforça nossas redes subversivas, que finalmente é o mais vital dos oxigênios para percorrer caminhos rumo à libertação total desde o confinamento.

Aqui permanecemos firmes, inabaláveis e orgulhosos de ter essa linda cumplicidade rebelde que atravessa territórios, se expande, se multiplica e nos permite enfrentar tudo o que vem.

Enquanto existir miséria, haverá rebelião!

Juan Aliste Vega

Prisioneiro Subversivo

Hospital Penitenciario

Julho 2018.

CALL FOR AN INDEPENDENT MATERIALS FAIR – ACTIVITY OF THE SIXTH INTERNATIONAL WEEK FOR ANARCHISTS PRISONERS

In response to the call for a “Sixth International Week in Solidarity For Anarchist Prisoners,” which will take place all over the world from the 23rd to the 30th of August, there will be a first winter fair of independent materials on August 25th.

This is an open call for anyone who wants to send us proposals with an anti-authoritarian focus to add to the activity. In addition, it is mainly an invitation to participate in this initiative that will happen in the “Tia Estela Space” , a squat of homeless people located underneath the so-called “Alcântara Machado Bridge” in São Paulo. Any contribution to self-management of this space is welcome.

The struggle for freedom is impossible without fighting against prisons. These disgusting spaces are surrounded by walls, violent forms of control, security devices and constant vigilance. Without such a structure it would be impossible for any state or any government to remain in power. It is necessary to see prison not only as the main tool of domination against the subversive people who prefer war to the passivity of the masses, but also as a laboratory of the system and one of the main means to perpetuate slavery and work.

A battle was lost but even behind the bars the struggle goes on. Within jail, in a contained and continuous way, are the conflicts against the juridical apparatuses of the nation states and all moralistic society that supports it. This reality prolongs the journey towards the destruction of civilization, the predatory machines of cybernetic and industrial world, all the grids, walls and borders that slaughter life on earth.

For these and much more, it is a lot necessary to support the anarchist prisoners, to not leave them alone and with this, to turn our eyes upon the pillars that give shape to the enemy.

“To live anarchy contains the risk of ending in prison” – Marco, Alexandria prison.

A full schedule will be available on August 23rd.

Anarchic Winter

invernoanarquico@riseup.net