México: Comunicado público do grupo Conspiração Células de Fogo (CCF)

via CONTRAINFO

tradução tormentas de fogo

Contra todo o poder e seus múltiplos “mundos”, pela reconstituição da Conspiração das Células de Fogo (CCF) do México.

– Uma resposta pública ao nauseante manifesto anarco-populista

“Devemos nos lembrar de nossas experiências passadas, não para imitá-las, mas para ir muito além” – Compas encarceradxs do CCF-Grécia

Às vezes é conveniente deixar passar o tempo para processar os fatos. Já se passaram 20 dias desde que os anarco-demagogos do México emitiram seu “manifesto” de apoio a Peje (//www.alasbarricadas.org/noticias/node/40136), inspirado na suposta “oportunidade” para os anarco-comunistas “para passar o projeto morenista à esquerda” e tornaram pública sua lista de “30 personalidades comprometidas com a soberania popular” eleitas para formar a coordenação nacional de uma “Frente Popular Classista”.

Esperávamos ter lido ou ouvido algumas críticas deste escrito a partir de diferentes posições libertárias, embora o tempo tenha decorrido e o silêncio cúmplice tenha acompanhado o manifesto.

Os signatários do documento sob o pseudônimo de “Alguns Libertarios Organizados” clamam, sem vergonha nenhuma, para construir o Poder Popular à baixo e à esquerda através da rota eleitoral para depois implantar o “Comunismo Libertário no nariz do Império”.

Certamente, são poucos os grupos “libertários” que publicamente tem afirmado um discurso anarco-populista tão nauseante e uma defesa tão cínica dos princípios neo-plataformistas e sua fórmula de poder popular. No entanto, não há uma única publicação do “anarquismo organizado” no México que não tenha aludido ao cansaço do “povo” e a sua defesa, da mesma forma que eles se pretendem “abaixo e à esquerda” com alegria singular. Portanto, não nos surpreende que esse discurso oportunista tenha promotores e defensores supostamente “anarquistas”.

Aparentemente, sua proposta não teve grande repercussão entre os outros grupos de anarco-demagogos ou eles decidiram permanecer “à margem” até as “coisas se definirem” e, assim, evitar “passos sem guarida”. Mas temos certeza sobre quais são suas pretensões.

Esse “manifesto” viria a ser o segundo texto dos anarco-populistas e, mais uma vez, eles publicariam um diagnóstico equivocado, dando como mortos xs informalistas e xs “insurreicionárixs inoperantes” no México.

Temos muito orgulho em dar a você a má notícia de que a tendência anárquica informal no México está em muito boa saúde e que suas conclusões errôneas não estão de acordo com a realidade. Que alguns grupos de afinidade anárquica decidiram se dissolver ou parar de reivindicar suas ações não representa “a morte” do informalismo no México ou “a retirada” da guerra anárquica. E para dizer que basta: anunciamos a reconstituição da Conspiração das Células de Fogo (CCF) no México.

Estamos inseridxs num debate internacional sobre as alternativas organizacionais e o dilema da reivindicação, dando seguimento à discussão em curso entre compa camarada Cospito e xs compas presxs do CCF-Grécia, bem como as contribuições para o novo ilegalismo dos compas Pombo Da Silva, Rodriguez e Argyrou.

Concordamos plenamente com Cospito que a criação de um “movimento anarquista autônomo”, ou um “pólo anarquista autônomo para a organização da guerrilha anarquista urbana” ou uma “Federação Anarquista Internacional”, é um passo atrás no desenrolar do novo ilegalismo e da tendência informalista. Um retorno ao passado, à era dos esquemas que nos coloca em risco de chegar novamente a uma organização clássica específica de síntese, um instrumento antigo, um bisturi enferrujado. Concordamos com o Cospito que formar uma organização estruturada através da criação de assembléias levaria inevitavelmente à criação de organizações específicas, distorcendo assim o objeto da informalidade, desviando-se dos objetivos que estabelecemos para nós mesmos.

É por isso que nesta segunda geração do CCF nós não nos assumimos como um grupo de afinidade ou como uma nova coordenação de células através do território mexicano (como xs compas que nos precederam) ou como uma federação, mas como uma arma, um metodologia da práxis, um pseudônimo sob o qual operariam até mesmo aquelxs compas totalmente alheixs a qualquer organização ou coordenação, um meio que possa ser usado por qualquer anarquista ou grupo de afinidade que aspire à destruição aqui e agora.

O ressurgimento desta proposta limita-se a ser um chamado a todos os informalistas, aos individualistas, anarco-niilistas, novxs insurreicionárixs para redobrar a guerra anárquica contra toda a autoridade a partir deste abrangente slogan. Reivindiquemos todas as nossas ações sob esta crescente Conspiração, criando assim novos caminhos de conflito permanente, separados da uniformidade, da ideologia e da pestilente política.

Ao contrário dos anarco-demagogos, nós não chamamos para votar, mas sim para uma abstinência insurreicionária consciente. Seu maldito circo eleitoral não se importa, nós reconhecemos que todos os candidatos em disputa são da mesma laia (talvez uns mais populistas que outros), mas mesmo que alguns façam a diferença, não seremos cativados por canções de sereias. Nós não nos importamos com suas reformas, suas transformações ou suas revoluções por um mundo melhor. Lutamos contra o sistema de dominação, contra toda autoridade, contra todo o poder, mesmo que seja chamado de popular. Nós lutamos pela destruição aqui e agora, nós lutamos pela libertação total. Que fique quem ficar, a nossa guerra continua.

Pela tendência anárquica informal!

Pela Internacional Negra!

Pela anarquia!

Conspiração das Células de Fogo (sem apelidos)

20/06/2018

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